O Menino que Ouvia o Mar

O Menino que Ouvia o Mar

Noah amava o mar mais do que qualquer coisa no mundo. Ele conhecia cada enseada, cada penhasco, cada onda que beijava a praia da sua pequena vila de pescadores. Às vezes, ficava deitado na areia por horas, ouvindo o som das marés — como se o mar respirasse, vivo e calmo.

Uma manhã, depois de uma tempestade, ele encontrou uma concha prateada e azulada. Quando a colocou junto ao ouvido, ouviu uma voz: “Noah… você pode me ouvir?” — “Quem está falando?”, sussurrou. “O Mar”, respondeu a voz. “Eu preciso da sua ajuda.”

Lá no fundo das águas, contou o mar, um redemoinho sombrio havia despertado — um que ameaçava engolir toda a vida. Somente alguém que realmente pudesse ouvir o mar seria capaz de detê-lo. De repente, uma arraia prateada saltou da água. “Suba em mim”, disse ela. “Vou te levar até a Rainha dos Corais.”

Noah seguiu a arraia até as profundezas, onde palácios de corais brilhavam como o amanhecer. A Rainha colocou uma estrela-do-mar luminosa em sua mão. “Encontre as três vozes do oceano”, disse ela. “A Voz da Profundidade, a da Corrente e a do Vento.”

Junto com a arraia e uma gaivota travessa chamada Pico, Noah iniciou sua jornada. Em uma cidade submersa, encontrou a Voz da Profundidade — guardada por um imenso polvo. A criatura falou: “A coragem é como o mar. Só quem mergulha encontra o que realmente importa.” Noah segurou um coração brilhante feito de pérolas e sentiu a voz da profundidade vibrar dentro dele.

Depois, chegaram a uma cachoeira que fluía para cima. Noah pulou e foi levado pela correnteza. No centro de um círculo de arco-íris, uma segunda voz sussurrou: “Eu sou a Corrente — a confiança é a minha dança.”

Por fim, a estrela-do-mar os guiou até uma ilha de nuvens, onde vivia a Voz do Vento. A tempestade rugia, mas Noah ergueu a concha e gritou: “Eu não tenho medo!” Então o vento se acalmou e disse: “Você é aquele que nos une.”

Nesse instante, o mar se abriu. Um enorme redemoinho cresceu, mais escuro que a noite. Noah ouviu as três vozes dentro de si — Profundidade, Corrente e Vento — e disse: “Eu sou o filho da costa, e você é o coração das águas. Vamos respirar juntos, não lutar.”

Uma luz surgiu, brilhante como mil sóis, e o redemoinho se desfez em faíscas que caíram no mar como estrelas.

Quando Noah acordou, estava de volta à praia. A concha ainda brilhava suavemente em sua mão. O mar murmurava em paz e sussurrou: “Obrigado. Você nos lembrou quem somos.”

Desde aquele dia, Noah sempre pôde ouvir o mar — em cada onda, em cada gota de chuva. E às vezes, quando encostava a concha no ouvido, ouvia uma risada suave. Era o mar, cantando.

Menino com concha cintilante à beira-mar, ondas e luz, atmosfera mágica